sexta-feira, 4 de junho de 2010

Um estudo sobre DRE e Análise de Balanço.

O uso da analise de balanço para a contabilidade esta ligado ao desempenho que é medido pelo balanço patrimonial e a DRE. O desempenho não é avaliado apenas atraves do resultado liquido do exercicio, mas por uma série de componentes que indicam a produtividade da empresa.

Esses componentes, chamados aqui de indicativos são baseados em indices financeiros, que medem caracteristicas da gestão. Esses indices são o Ativo Circulante (AC), Ativo Permanente (AP), Receita Operacional Bruta (REOB), Resultado Operacional Bruto (ROB), Receita Operacional Líquida (ROL), Patrimônio Líquido (PL), Passivo Circulante (PC),Exigível a Longo Prazo (ELP)

As informações contidas no balanço e DRE permitem identificar e concluir se a empresa merece ou não crédito, se vem sendo bem ou mal administrada, se tem ou não condições de pagar sua dívidas, se é ou não lucrativa, se vem evoluindo ou regredindo, se é eficiente ou ineficiente, se irá falir ou se continuará operando.

O produto da Análise de Balanço são relatórios escritos e graficos. Ao contrario das demonstrações financeiras, os relatórios de análise devem ser elaborados como se fossem dirigidos a leigos, isto é, sua linguagem deve ser inteligível por qualquer pessoa, seja o dirigente de empresa ou o gerente de banco.
Um relatório de análise de balanço deve apresentar dados no lugar de informações.

A Análise de Balanço produz informações que são de suma importância para a empresa, são elas, Situação financeira, Situação econômica, Desempenho, Eficiência na utilização dos recursos, Pontos fortes e fracos, Tendência e perspectivas, Quadro evolutivo, Adequação das fontes às aplicações de recursos, Causas das alterações na situação financeira, Causas das alterações na rentabilidade, Evidência de erro da administração, Providências que deveriam ser tomadas e não foram, Avaliação de alternativas econômico-financeiras futuras.

Ademais, a analise do balanço baseia-se no raciocinio cientifico,para isso é necessário seguir algumas etapas, escolha de indicadores, comparação com padrões, diagnósticos ou conclusões e por fim as decisões a serem tomadas.

A Análise de Balanço e a Demonstrações do Resultado do Exercicio são feitas ainda através de:
Análise Vertical e Horizontal - presta-se fundamentalmente ao estudo de tendências.
Análise do Capital de Giro - índices de rotação (recebimento, pagamento e estocagem) modelo de análise de investimento e financiamento do capital de giro (insolvência técnica).
Análise de Rentabilidade e Endividamento - Um dos elementos mais importantes na tomada de decisões relacionadas a uma empresa é a análise das suas demonstrações financeiras.

A política financeira de uma empresa tem reflexo nas demonstrações financeiras e é através da sua análise que se podem conhecer os seus objetivos. A análise de balanços permite uma visão da estratégia e dos planos da empresa analisada; permite estimar o seu futuro, suas limitações e suas potencialidades. As contas principais de analise são:

- Fornecedores: conhecer a capacidade de pagamento de seus clientes (Liquidez).
- Clientes: o comprador analisa a situação do fornecedor ( não possui o mesmo porte). Planos de expansão, necessita de fornecedores (capacidade de investimentos)
- Bancos Comerciais: situação atual e futura do cliente. Grau de endividamento
- Bancos de Investimentos: investimentos de longo prazo. Lucratividade
- Corretoras de Valores e Público Investidor: Rentabilidade
- Concorrentes: fator de sucesso ou de fracasso da empresa no mercado
- Dirigentes: instrumento para tomada de decisão, formulação de estratégia
- Governo: concorrência, desempenho setorial

A análise das demonstrações financeiras exige conhecimento do que representa cada conta que nelas figura. Visando extrair informações para a tomada de decisão. O perfeito conhecimento do significado de cada conta facilita a busca de informações precisas.

O Relatório da Diretoria contem as seguintes informações: Informações aos acionistas, desempenho, perspectivas relativas a estratégias de vendas, compras, produtos, expansão, efeitos conjunturais, legislação, política financeira, de recursos humanos, resultados alcançados, planos, previsões etc..Se relata livremente
aquilo que julga importante.

As notas explicativas, são dados e informações que ora complementam as demonstrações financeiras; taxas de juros, vencimentos e garantias de obrigações, critérios contábeis (avaliação de estoques, depreciações, provisões) Garantias prestadas a terceiros, espécies de ações do capital social, eventos relevante subsequentes à data do balanço. Auxiliam a fazer avaliação mais ampla da empresa.

Para tanto, a saude da empresa pode ser diagnosticada atraves da analise do balanço e DRE, afim de entender fatores de risco e qualidade.

Érica Walker

domingo, 30 de maio de 2010

DOIS ANOS EM UM.
As grandes empresas registraram vendas recordes nos primeiros três trimestres e sofreram muito com a crise nos últimos meses de 2008. No balanço final, passaram pela prova de fogo, fechando o ano com um crescimento de 5%


O ano de 2008 vai entrar para a história das grandes companhias brasileiras. Ao longo de 12 meses, muitas delas viveram a experiência de ir repentinamente da euforia à depressão. Os primeiros três trimestres foram dignos de entusiasmo, com o PIB apresentando um aquecimento progressivo. No terceiro, o crescimento alcançou 6,8% sobre o mesmo período de 2007, taxa que não se via desde o segundo trimestre de 2004. Então, no final de setembro, a crise global atingiu a economia brasileira de forma mais violenta do que o previsto inicialmente. Nos meses de outubro, novembro e dezembro, o desempenho de muitos setores -- sobretudo aqueles voltados para o mercado internacional -- embicou para baixo, e o PIB do último trimestre do ano fechou com queda de 3,6% em relação aos três meses anteriores.

A crise econômica mundial poderia ter sido catastrófica para o Brasil. Não foi. O país, seu mercado interno e suas empresas demonstraram uma resistência que surpreendeu o mundo. 'Foi um enorme teste de fogo', diz o italiano Virgilio Cerutti, executivo que assumiu a presidência da fabricante de autopeças Magneti Marelli para a América Latina em junho do ano passado. 'Quando cheguei, me disseram que as mudanças acontecem muito rapidamente no Brasil, mas eu não poderia imaginar que fosse tanto assim.'

O desempenho da Magneti Marelli (nº 262) é exemplar para ilustrar a inversão de tendência que se viu no último trimestre do ano passado. Segundo Cerutti, antes de a quebradeira começar nos Estados Unidos e contaminar o resto do mundo, a unidade brasileira da empresa registrava aumento de vendas de quase 40% em relação a 2007. No último trimestre, a média de faturamento mensal caiu 70% em comparação com o registrado em setembro, o último mês de pujança. O efeito desses três meses tão deprimidos levou a Magneti Marelli a terminar 2008 com faturamento de 704 milhões de dólares, apenas 1% acima do resultado do ano anterior, mas ainda assim com lucro de 21 milhões de dólares. Para outras empresas, porém, a reversão significou ver esvair a rentabilidade. 'Foram três meses de pesadelo', diz o mexicano Patricio Mendizábal, presidente da operação brasileira da Mabe (nos 508 e 587), dona das marcas GE e Dako de eletrodomésticos. Depois de um primeiro semestre promissor, a empresa fechou o ano com receita de 606,5 milhões de dólares, queda de 6,7% em relação a 2007.

Os números apresentados nesta edição de MELHORES E MAIORES mostram que, em maior ou menor grau, o choque da súbita passagem de um momento favorável para outro de adversidade foi sentido pela maioria das empresas. No conjunto, as 500 maiores companhias da indústria, do comércio e de serviços em atividade no país registraram em 2008 receita de 846 bilhões de dólares, cifra ainda 5% maior que a de 2007, que já havia sido um ano excepcional para a economia brasileira. Outros indicadores, como o total de empregados (aumento de 16,5%) e o valor das exportações (elevação de 12%), continuaram positivos, mantendo a tendência dos últimos anos. O impacto da crise foi sentido nos lucros das 500, que apresentaram queda de 31,5%.

Por esses e outros números fica evidente que, não fosse a mudança de circunstâncias -- uma mudança nada trivial, por se tratar da maior contração da economia mundial registrada em 80 anos --, as empresas e, por consequência, a economia brasileira poderiam celebrar um ano brilhante. No balanço final de 2008, o país ainda apresentou crescimento de 5,1%, acumulando o segundo ano consecutivo com taxa acima de 5 pontos percentuais. E, ao que tudo indica, tem chance de encerrar 2009 com algum crescimento -- ou, na pior das hipóteses, com uma pequena queda --, resultado que pode ser considerado vitorioso diante do previsto para as economias mais desenvolvidas. 'O Brasil sofreu efeitos importantes, como queda de exportações, dos investimentos e restrição de crédito, mas são reflexos periféricos, todos originados lá fora', diz o economista Claudio Haddad, presidente da escola de negócios Insper, ex-Ibmec São Paulo.

Para as empresas, o impacto da turbulência no Brasil ficou longe do sentido pelas companhias na Europa, no Japão e nos Estados Unidos, o epicentro da crise, onde o PIB avançou apenas 1,1%. O ano de 2008 foi o pior na história de quase seis décadas da Fortune 500, a mais respeitada publicação sobre o ambiente corporativo americano. Lá, o lucro somado das maiores empresas caiu 85% em comparação com o obtido em 2007. A seguradora AIG teve um prejuízo de 99 bilhões de dólares, a maior perda já registrada pelo anuário. Outras 11 companhias se juntaram ao grupo dos 25 maiores prejuízos publicados pela revista em 55 anos. Ícones como as montadoras General Motors, Ford e Chrysler ruíram. Diferentemente do que aconteceu no Brasil, a economia americana já estava em recessão moderada desde janeiro de 2008 e enfraqueceu ainda mais a partir de junho, quando subiu o nível de inadimplência e grande parte das hipotecas de imóveis começou a ser renegociada.

A restrição ao crédito e o esfriamento do comércio exterior foram os dois principais meios pelos quais a crise dos países desenvolvidos chegou ao Brasil. Num primeiro momento, com o corte de linhas internacionais de financiamento e o aumento da cautela dos bancos locais, até mesmo grandes empresas no país tiveram problemas de liquidez, com dificuldade para obter capital de giro. Estragos financeiros mais sérios ocorreram apenas de forma localizada, abatendo quem havia feito apostas em operações de derivativos sem levar em conta a possibilidade de uma virada no câmbio -- que ocorreu com uma desvalorização do real frente ao dólar. Mas, enquanto nos Estados Unidos o governo se desdobrou em medidas de salvamento, aqui casos como o da Aracruz (nº 161) e o da Sadia (nº 33), cuja soma dos prejuízos em 2008 chegou a 3,4 bilhões de dólares por causa de operações equivocadas no mercado financeiro, foram resolvidos no âmbito do mercado -- ambas foram incorporadas por concorrentes.

As empresas exportadoras, especialmente de produtos manufaturados e de minérios, estiveram entre as que sofreram mais. As vendas de automóveis, calçados e têxteis, entre outros produtos, fecharam o ano em queda, devido à redução generalizada da demanda no mundo. No setor de minérios, a Vale (nº 3) perdeu tanto em volume de vendas para a China quanto em preço, após anos de seguidos aumentos. A baixa de preços também afetou no final do ano alguns produtos do agronegócio, mas em menor grau. A Amaggi (nº 114), uma das maiores produtoras de soja do país, faturou 1,6 bilhão de dólares, 64% mais que no ano anterior. 'No final de 2008, praticamente 90% de nossa meta de comercialização já estava concluída, com preços altos porque vendemos mais cedo a produção', diz Pedro Jacyr Bongiolo, presidente do grupo Amaggi.

Uma vantagem do Brasil foi a resistência de seu mercado interno. Afora algumas perdas mais contundentes em empresas industriais e exportadoras, como se deu na Embraer (nº 38), que demitiu 4 200 funcionários ao sofrer corte imediato de 30% nas encomendas de aviões, a renda e o emprego foram preservados. Isso explica o bom desempenho de setores mais diretamente ligados ao mercado doméstico, como os de energia, construção, comércio varejista, bens de consumo e telecomunicações. Das 35 empresas do setor de serviços listadas entre as 500 maiores do país, apenas cinco reportaram prejuízo em 2008. No conjunto, o faturamento dessas empresas evoluiu 9% em relação aos resultados alcançados em 2007. A operadora de telefonia celular Claro (nº 28) faturou 5,7 bilhões de dólares no ano passado, montante 5,2% maior que o de 2007, e teve lucro de 230 milhões de dólares. 'Dos nossos 8,5 milhões de novos clientes,
3 milhões foram conquistados justamente no último trimestre de 2008', diz João Cox, presidente da Claro.

O comércio varejista obteve alta de vendas de 13% em relação a 2007, mas lucrou 23% menos. 'Nesse setor, mais heterogêneo, as variações se explicam em parte pelos diferentes impactos sobre cada segmento', diz Alexandre Andrade, analista de varejo da consultoria Tendências. Em períodos de crise e de incerteza em relação ao futuro, o consumidor se retrai. Os primeiros produtos afetados pela cautela são os fortemente dependentes de crédito, como automóveis e imóveis. Nesses dois casos, o governo agiu como bombeiro, reduzindo impostos dos carros e de materiais de construção e lançando um pacote de incentivo imobiliário, o programa Minha Casa, Minha Vida. Segmentos que não foram alvo de bondades sentiram. A Renner (nº 149), uma das maiores redes de lojas de roupas do país, precisou se adaptar ao novo ambiente. 'No final de 2008, fomos atingidos pela primeira onda de impacto da crise, gerada por uma queda da confiança do consumidor no futuro', afirma José Galló, presidente da Renner. 'Partimos para ações estratégicas de defesa, com a redução de despesas e a revisão de contratos e do plano de expansão.' De acordo com ele, o plano de abrir 15 lojas em 2009, como a Renner fez no ano passado, foi ajustado para oito inaugurações.

Ao final do primeiro semestre de 2009, boa parte do cenário sombrio da virada do ano já havia se dissipado. 'O contágio da crise na economia brasileira se mostrou temporário', afirma a economista brasileira Marcelle Chauvet, professora na Universidade da Califórnia. Empresas que haviam sofrido retração voltaram a trabalhar com a perspectiva de crescimento. 'Com a redução do IPI nos nossos produtos, maio de 2009 foi o melhor maio de nossa história em vendas', diz Mendizábal, da Mabe. No dia 30 de junho, a empresa mexicana anunciou a compra das fábricas da concorrente BSH Continental no Brasil. No mesmo mês, a indústria automotiva registrou vendas de quase 300 000 carros, número que representou um recorde na história de médias de vendas mensais e um crescimento de mais de 4% em relação ao mesmo período de 2008. Cerutti, da Magnetti Marelli, afirma que teve sua segunda surpresa com o Brasil. Segundo ele, o faturamento da empresa, com a mesma velocidade com que caiu no final do ano passado, vem se recuperando desde fevereiro. 'É um daqueles cenários em 'V' perfeitos, que a gente acha que só existem nos manuais de finanças. Nós só caímos até fevereiro e só subimos desde então', diz Cerutti. A recuperação da Magneti Marelli ainda não é plena porque 20% de seu faturamento depende de exportações, principalmente para Estados Unidos e Europa. Ou seja, para completar, só falta o mundo desenvolvido engatar uma marcha mais forte.

Disponivel em http://portalexame.abril.com.br/revista/exame/edicoes/mm2009/economia/dois-anos-481664.html

CUSTOS

PASSOS NECESSÁRIOS PARA CUMPRIR O CICLO DA CONTABILIDADE DE
CUSTOS:
1 - PRIMEIRO PASSO:
DETERMINAR O SISTEMA DE MENSURAÇÃO:
Podemos admitir que mensuração é o conjunto de procedimentos que
atribui números a objetos e eventos com o objetivo de prover informações válidas,
confiáveis, apropriadas e econômicas para os tomadores de decisão.
O objetivo principal deste sistema é determinar o valor econômico do
bem/serviço, pois, até a sua definição, as informações estão baseadas em valores
meramente contábeis (custo histórico), e isto provoca distorções, pelo fato de não
evidenciar o valor real do ativo (produto/serviço).
O Sistema de Mensuração pode ser visto sob dois enfoques: A valores de
Entrada e a Valores de Saídas. A valores de entra ele se subdivide em: Custo
Histórico, Custo Histórico Corrigido, Custo Corrente, Custo Corrente Corrigido e
Custo Futuro de Reposição, cada um com suas vantagens e desvantagens, não
podendo portanto escolher um em detrimento do outro, cada caso é um caso. A
valores de saída, eles se subdivide em: Valores descontados das entradas futuras
de caixa, Preços correntes de vendas, Equivalentes correntes de caixa, Valores de
Liquidação.
A literatura apresenta diversos métodos para avaliação: com base nos
dividendos esperados para o futuro, com base na cotação da bolsa de valores, a
partir de custos históricos etc.
Todos esses métodos apresentam uma série de desvantagens, não sendo
de bom alvitre utilizá-los isoladamente na avaliação, exceto em situações
específicas. Um dos métodos mais comentados é o fluxo de caixa descontado.
Pela importância, tanto a nível teórico quanto prático.
Os ativos não devem ser mensurados pelo valor incorridos na sua
produção, mas pela capacidade de gerar riquezas ao longo da sua vida útil.
Entretanto, para sua perfeita mensuração é importante definir o método de atribuir
custos aos estoques (FIFO, NIFO, LIFO ou Custo Médio).
O Sistema de Mensuração imprime ao sistema de custeio e
conseqüentemente, sistema de acumulação e demais etapas do esquema da
contabilidade de custos, a validade, confiabilidade, harmonia, valor econômico e a
clareza da riqueza que os materiais, produtos prontos e em elaboração
(custos/estoques) expressam e, como tal, deve ser o primeiro item do ciclo da
contabilidade de custos e deve ser determinado pelo usuário da informação
contábil para garantir que o resultado apurado esteja de acordo com as
expectativas criadas ou metas pré-estabelecidas e que em última instância os
valores utilizados para mensuração dos custos, reflita e quantifique os custos de
acordo com desejo expresso via estratégia organizacional.
2 - SEGUNDO PASSO
IDENTIFICAÇÃO E SEPARAÇÃO DOS GASTOS e SEPARAÇÃO DOS
GASTOS EM CUSTOS E DESPESAS
Quando a Contabilidade Financeira registra os gastos ocorridos na
empresa, ela os classifica, identifica, e os apresenta de acordo com a natureza de
sua ocorrência, verificando ainda se estão relacionados ou não com a atividade
produtiva. Esta é a etapa em que a contabilidade identifica a realização de ativos,
não só a conversão deste em moeda em si, mas toda a realização que caracteriza
transformação de um valor de uma para outra fase ou etapa do curso normal das
atividades da empresa.
Este é o momento em que a contabilidade sistematicamente relaciona os
gastos relativos às atividades ocorridas dentro e fora da fábrica fazendo a
distinção entre custos e despesas respectivamente. A partir desta classificação é
possível identificar os gastos por natureza de ocorrência, tendo uma visão de
como se formam, e quais as atividades que os originam.
As despesas, independentemente da sua natureza (Operacionais e Nãooperacionais),
são transferidas diretamente para o resultado. Os custos são
divididos em três elementos básicos:
Material, Mão de Obra e Gastos Gerais de Fabricação.
É importante considerar, que o conceito de custos não deve ser entendido
apenas para os produtos fabricados. A gestão dos elementos de custos envolve
uma série de atividades que consomem recursos e que são classificadas como
despesas.
Esta abordagem é possível quando adotamos a visão sistêmica da
empresa, onde o todo deve ser visto em suas partes menores. Desta forma, cada
atividade da empresa (Compras, Vendas, Financeira, Contabilidade, Recursos
Humanos, Produção, etc.) deve ser vista como uma empresa isolada, que tem
custos, e que gera resultados.
Quanto aos tipos de custo existem diversos tipos de custos, e outros podem
surgir, à medida que as necessidades surjam. Como por exemplo: Custos
Desembolsáveis, Transferíveis, Tangíveis e Intangíveis, Básico, Transformação,
Fixo, Variável, etc.
3 - TERCEIRO PASSO
CLASSIFICAÇÃO DOS CUSTOS EM DIRETOS E INDIRETOS
Esta classificação tem por objetivo permitir o uso eficiente do Sistema de
Custeio adotado pela organização. Por um lado, de forma objetiva, os custos
diretos são alocados aos produtos independentemente do sistema utilizado, por
outro lado, os custos indiretos recebem um tratamento diferenciado (subjetivo), o
qual varia de acordo com o sistema adotado.
A separação em direto e indireto, possibilita o entendimento do grande
dilema da contabilidade de custos, que é minimizar ao máximo o grau de
arbitrariedade no momento da distribuição dos custos indiretos, considerando que
estes não apresentam uma relação objetiva com os produtos.
É fundamental que o responsável pela gestão de custos na empresa, tenha
pleno conhecimento de todo o processo produtivo, desde o recebimento da
matéria prima até o produto final, pois isto lhe dará base para definição dos
critérios (subjetivos) que serão utilizados da forma mais adequada possível.
A distribuição dos custos indiretos podem ir desde a utilização de taxas
singulares, até à utilização de taxas departamentais, através da aplicação de
métodos quantitativos ou de modelos matemáticos mais complexos, tais como:
Programação Linear, Pesquisa Operacional etc.
4 QUARTO PASSO
DETERMINAÇÃO DO SISTEMA DE CUSTEIO A SER UTILIZADO
Podemos classificar os sistemas de custeio em duas categorias:
Sistema Baseado no Volume (VBC) e Sistema Baseado na Atividade
(ABC). Há também um outro sistema menos explorado as chamadas UEP,
Unidade de Esforço de Produção, que é um sistema baseado no esforço requerido
por determinados postos operativos (atividades).
O Sistema Baseado no Volume pode ser apresentado sob dois enfoques:
Por Absorção e Variável

Leia mais em: http://www.contabeis.ufba.br/materialprofessores/JSROCHA/PAGINA/06%20O%20CICLO%20DA%20CONTAB%20DE%20CUSTOS%20X%20BSC.pdf

Sistema Contábil

A CIÊNCIA CONTÁBIL E A CONTABILIDADE DE CUSTOS
1. O SISTEMA CONTÁBIL E SEUS SUBSISTEMAS

A Contabilidade é uma ciência social que estuda a riqueza patrimonial individualizada, sob os aspectos quantitativos e qualitativos, tendo entre seus objetivos a geração de informações e a explicação dos fenômenos patrimoniais, possibilitando o controle, o planejamento e a tomada de decisão, no enfoque passado/presente/futuro. Tudo isso, servindo aos mais diversos usuários, para que eles possam, por meio de seus atos buscarem a prosperidade da entidade e da sociedade.

Esse conceito, não restringe à ação da Contabilidade na medida em que discorre sobre a necessidade de suprir as expectativas informativas dos usuários a ela ligados. Porém, cabe observar a correlação existente entre tal ciência e outras formas de conhecimento, ou seja, existe uma relação intencional entre os estudos contábeis e as demais áreas do conhecimento.

Neste sentido, a visão da transdisciplinariedade é fundamental, sendo a mesma
entendida como o encontro entre as ciências e destas com a filosofia, com a arte e com o espírito, buscando o desenvolvimento do pensar holístico e do agir localizado.
A Contabilidade, assim como as outras ciências, pode ser estuda sob enfoques
particulares, aqui denominados de especializações.

Conceitualmente, poder-se-ia entender o especialista como uma pessoa que sabe quase
tudo sobre quase nada, se orgulha pela sua unilateralidade de visão e que perdeu, muitas vezes, o poder da inteireza. Entretanto, o sentido que se quer denotar é justamente o inverso.
Para facilitar o estudo contábil, ramifica-se este conjunto em partes menores, a fim de compreender melhor sua organização, mas sem jamais esquecer a visão global. Cumpre, transcender o enfoque da especialização, pensando holísticamente e agindo localmente.
A figura 1 demonstra que a ciência contábil ramifica-se em uma gama de
especializações (Contabilidade Gerencial, Agrícola, Pública, Comercial etc.), sendo que cada uma delas estuda o patrimônio sob uma ótica particular, conforme especifica sua identificação. A determinante disso são as diversas atividades desenvolvidas pelas organizações, as políticas adotadas, os interesses dos usuários, as normas
governamentais, dentre outras.

2. A CONTABILIDADE GERAL E A CONTABILIDADE DE CUSTOS
Uma das principais missões da CONTABILIDADE é proporcionar informações adequadas e sistemáticas dos fenômenos patrimoniais (fatos contábeis) ocorridos nas células sociais, conhecidas como empresas ou entidades.
Entre as muitas especializações da contabilidade (como visualizado na figura 1) é
possível classificá-la em contabilidade geral (financeira ou fiscal) e contabilidade
gerencial (inclusa nesta a contabilidade de custos).

Disto, visualiza-se a figura 2, que aborda a idéia discutida, no sentido de apresentar a entidade um sistema contábil capaz de cumprir as exigências legais (Contabilidade Geral/Financeira) e ainda anular as necessidades informativas dos usuários (internos e externo), gerando informações de ordem gerencial ou gestorial.

2.1 A CONTABILIDADE GERAL engloba todos os fatos ocorridos na entidade e prepara informações tanto para o âmbito interno (administradores, diretores, gerentes
etc.) quanto externo à entidade (acionistas, governos, fornecedores etc.). Preocupa-se com o acompanhamento de todas as transações de captação de recursos
financeiros e sua materialização em fatores produtivos de uma parte e, por outra parte, das transações envolvendo a comercialização dos produtos e serviços e a posterior cobrança dos mesmos. Trata ainda do cálculo do resultado, entendido este no sentido de excedente havido após a remuneração a tipo de fornecedores, sejam de trabalho ou de capital, bem como da elaboração de demonstrações contábeis.

Deve seguir os Princípios Fundamentais de Contabilidade, e também atender as
exigências fiscais e societárias. Neste aspecto, cita-se a legislação do imposto de renda das pessoas jurídicas (decreto-lei nº 1.598/77), a qual obriga a empresa a manter um sistema de custos integrado e coordenado com o restante da escrituração. Se isto não ocorrer, o fisco poderá arbitrar o valor dos estoques para efeito do cálculo do imposto de renda e da contribuição social, desconsiderando a escrituração contábil.

Porém, nem todos os métodos de custos são aceitos pela legislação brasileira. Ela requer a utilização do chamado custeio por absorção (será estudado em capítulos posteriores), o qual atende aos PFC. Este sistema tem como filosofia a premissa de que todos os custos (fixos e variáveis – diretos e indiretos) são computados ao custo dos produtos, portanto ativados.

Assim, para atender à legislação comercial, a empresa deve adotar tal sistema ou, se
adotar algum outro, deverá, por ocasião do encerramento do exercício, fazer os ajustes necessários de seus estoques e do custo dos produtos de acordo com os procedimentos do custeio por absorção.

2.2 A CONTABILIDADE DE CUSTOS centra sua atenção no estudo da composição
e no cálculo dos custos, também observa o resultado dos centros ou dos agentes do
processo produtivos. A contabilidade de custos tem como característica ser de caráter
INTERNO.

Alguns estudiosos a dividem em:
2.2.1 CONTABILIDADE DE CUSTOS SINTÉTICA visa o registro e apuração, numa SEÇÃO da contabilidade geral, das operações propriamente industriais ou de prestação de serviços. Tais registros sintetizam, resumem e consolidam os resultados dos cálculos detalhados de custos efetuados na contabilidade de custos analítica, na forma de alocação de custos setoriais, apropriação de custos a produtos e serviços e apuração do custo unitário dos produtos elaborados, semi-elaborados e em elaboração,
através do uso de mapas, fichas e planilhas.

Um bom exemplo é o livro de Hilário Franco, "contabilidade industrial", que ilustra os LANÇAMENTOS CONTÁBEIS necessários para o acompanhamento, na forma de PARTIDAS DOBRADAS, desde a aquisição dos fatores de produção à evidenciação do custo dos produtos fabricados e vendidos, passando pela valoração dos estoques de insumos, materiais e produtos.

2.2.2 A CONTABILIDADE DE CUSTOS ANALITICA visa o detalhamento da informação e respeito do movimento interno de valores, efetuado para a transformação dos fatores em produtos, não só com fins contábeis, inventariais e de apuração do resultado geral, mas igualmente com fins gerenciais e administrativos, de planejamento,
orçamentação, controle e avaliação de desempenho, de produtos, setores e operações -
detalhamento este realizado em Mapas, fichas e planilhas.

A contabilidade de custos analítica pode ser desdobrada numa contabilidade setorial e
numa contabilidade dos produtos.

2.2.2.1 A CONTABILIDADE SETORIAL DE CUSTOS visa o acompanhamento, a
alocação e a determinação dos custos operacionais setoriais, totais e unitários. O mapa de localização de custos (MLC) é uma das possibilidades de realização de uma
contabilidade setorial de custos ou, simplesmente, de setorização de custos.

2.2.2.2 A CONTABILIDADE DE CUSTOS DOS PRODUTOS visa a apropriação dos custos de transformação aos produtos elaborados, semi-elaborados e em elaboração, bem como a apuração do custo total e unitário dos produtos e serviços - para fins gerenciais e administrativos, podem abranger ainda os custos de distribuição, armazenagem, vendas e administração, incluídos aí os custos financeiros e tributários.

A ordem de produção ou de serviço, o boletim de Apropriação de custos (BAC) e o mapa
de apropriação de custos (MAC) são instrumentos-exemplos de uma contabilidade de
custos dos produtos.

3. HISTÓRIA DA CONTABILIDADE DE CUSTOS
A Contabilidade de Custos nasceu da Contabilidade financeira, quando da necessidade
de avaliar estoques na indústria, mais especificamente com o início da Revolução
industrial. Anteriormente a esse período, os produtos era fabricados por artesãos que, via de regra, não constituíam pessoas jurídicas e pouco preocupavam-se com o cálculo de custos.
A contabilidade nessa época, tinha sua aplicação maior no segmento comercial, sendo
utilizada para apuração do resultado do exercício. Porém, com o incremento da indústria surge a necessidade de cálculo de custos para formação de estoques.
Os comerciantes para apurar o resultado do exercício somavam as receitas e subtraíam
delas o custo da mercadoria vendida, gerando o lucro bruto. Do lucro bruto eram
deduzidas as demais despesas e, assim, encontravam o lucro ou prejuízo do período
(esse sistema de apuração ainda hoje é utilizado pela contabilidade).

Leia mais em: http://www.netsaber.com.br/apostilas/apostilas/1029.pdf

Contabilista

Contabilista – Um ativo ambiental

O surgimento de determinados problemas ambientais como o desflorestamento, a contaminação das águas, do ar e do solo, a destruição da camada de ozônio e o esgotamento de recursos naturais, tem fomentado, desde alguns anos, um debate sobre a necessidade de estabelecimento do chamado desenvolvimento sustentável, ou seja, um crescimento econômico que respeite o meio ambiente, tratando de satisfazer as necessidades do presente sem comprometer a capacidade das gerações futuras tem satisfazer suas próprias (Comissão Mundial de Meio Ambiente e do Desenvolvimento, Rio/92).

Cada vez mais percebemos que o tema ambiental tem estado presente na agenda mundial. Conferências sobre o tema ocorrem a todo o momento, empresas acrescentam em suas estratégias a preocupação socioambiental, balanços sociais são elaborados e políticos colocam em seus discursos promessas ambientais. Em recente pesquisa realizada pelo CNI-Ibope (Set/2009), 84% dos entrevistados manifestaram, espontaneamente, algum tipo de preocupação com a questão ambiental, sendo que 66% dos ouvidos opinaram que o meio ambiente deve ser fortemente protegido, mesmo que isso dificulte o crescimento econômico. É de se esperar, portanto, que a contabilidade, como sustentáculo da gestão empresarial, esteja atenta e inserida neste contexto.

O relatório final da Conferência Rio/92, conhecido como Agenda 21, recomendou que as empresas adotassem um sistema de contabilidade que integre as vertentes ecológica e econômica, e para isso apresentou, entre outros, as seguintes recomendações:

1. Um primeiro passo rumo à integração da sustentabilidade ao manejo econômico é determinar, mais exatamente, o papel fundamental do meio ambiente enquanto fonte de capital natural e enquanto escoadouro dos subprodutos gerados durante a produção de capital pelo homem e por outras atividades humanas.

2. Visto que o desenvolvimento sustentável tem dimensões sociais, econômicas e ambientais, também é importante que os procedimentos nacionais de contabilidade não se restrinjam à quantificação da produção dos bens e serviços remunerados convencionalmente.

3. Deve ser adotado, em todos os países, um programa para o desenvolvimento de sistemas integrados de contabilidade ambiental e econômica.

Nessa linha, o Conselho Federal de Contabilidade publicou a Resolução nº 1003, de 2004, que estabeleceu parâmetros para a divulgação de informações de natureza social e ambiental, com o objetivo de demonstrar à sociedade a participação e a responsabilidade social da entidade. A Resolução estabelece que as informações contábeis contidas na “Demonstração de Informações de Natureza Social e Ambiental”, são de responsabilidade técnica de contabilista registrado em Conselho Regional de Contabilidade, devendo ser indicadas as informações cujos dados foram extraídos de fontes não-contábeis, evidenciando o critério e os controles utilizados para garantir a integridade da informação. De acordo com a Resolução, nas informações relativas à interação da entidade com o meio ambiente, a contabilidade deve evidenciar:

a) investimentos e gastos com manutenção nos processos operacionais para a melhoria do meio ambiente;

b) investimentos e gastos com a preservação e/ou recuperação de ambientes degradados;

c) investimentos e gastos com a educação ambiental para empregados, terceirizados, autônomos e administradores da entidade;

d) investimentos e gastos com educação ambiental para a comunidade;

e) investimentos e gastos com outros projetos ambientais;

f) quantidade de processos ambientais, administrativos e judiciais movidos contra a entidade;

g) valor das multas e das indenizações relativas à matéria ambiental, determinadas administrativa e/ou judicialmente;

h) passivos e contingências ambientais.

Os contabilistas brasileiros possuem, pois, um referencial teórico para que possam cumprir, junto às empresas, independente do tamanho, um papel ativo, como profissionais prontos e também responsáveis pelo desenvolvimento sustentável. As empresas, vale ressaltar, jogam um papel fundamental para a preservação ambiental, já que são as principais consumidoras e transformadoras dos recursos do meio ambiente e representam uma fonte importante de poluição e de descarte de materiais, tanto diretamente, a partir dos processos produtivos, como indiretamente, através de seus produtos.

Assim, nós contabilistas devemos estar atentos, buscando utilizar toda a nossa experiência acumulada em mais de 500 anos contabilizando ativos financeiros, para a contabilização e orientação do compromisso ambiental das entidades.

(Alexandre Bossi Queiroz – Doutor em Contabilidade e Finanças pela Universidade de Zaragoza. Professor do Departamento de Ciências Contábeis do Centro Universitário UNA.)

Disponível em: http://alexandrebossi.com.br/artigos/contabilista-um-ativo-ambiental/

DRE versus FLUXO DE CAIXA

As Demonstrações Contábeis e o Fluxo de Caixa

Em primeiro lugar discutamos a respeito do relacionamento entre a Contabilidade e o Fluxo de Caixa. Infelizmente ainda encontramos quem ache que a questão e de alternativa: ou um ou outro, sem que se perceba da ligação umbilical entre as Demonstrações Contábeis e o Fluxo de Caixa.
Talvez a grande falha resida exatamente entre nós, Contadores, quando deixamos de mostrar aos nossos usuários que essa conexão e intima e fundamental.
O Balanço e a Demonstração do Resultado, se elaborados a luz do custo histórico puro e na ausência de inflação, é a distribuição lógica e racional ao longo do tempo do Fluxo de Caixa da empresa. E é talvez necessário esclareçamos isso aos consumidores do nosso produto. Precisamos saber mostrar que um ativo possui, alem das disponibilidades e das aplicações de caixa efetuadas, direitos que estão para se
transformar em caixa: e além disso, possui bens que estão representando o montante
de caixa desembolsado ou a ser desembolsado em função de sua aquisição.

E que o passivo representa valores a desembolsar futuramente. Logo, o balanço inteiro, sem exceção, possui ligação como Fluxo de Caixa.
A Demonstração do Resultado possui receitas que foram ou serão recebidas na
forma de dinheiro, e despesas que foram ou serão pagas da mesma forma. Assim. o
lucro obrigatoriamente transita pelo caixa da empresa.

Alguns itens podem dar uma dificuldade maior de entendimento aos iniciantes, é
verdade. Por exemplo. a aquisição de mercadorias a prazo produz o registro do ativo
antes do seu desembolso e pode acontecer de esses bens serem baixados antes
mesmo do respectivo pagamento. Assim, há, sempre, uma diferença no tempo entre o
momento em que se registra o lucro com a transação e o efetivo aparecimento, no
caixa, do respectivo montante. Ainda mais que as vendas podem também ter essa
diferença temporal. Mas, inexoravelmente, o lucro bruto transita pelo caixa. E a
diferença, em termos de tempo, normalmente é pequena.

Qual é então a diferença entre a Demonstração do Resultado e o Fluxo de
Caixa? Ora, o registro das vendas no momento de sua ocorrência representa muito
melhor a verdadeira capacidade de geração de lucro e de caixa do que o recebimento
do dinheiro dos clientes. E a contraposição do custo das mercadorias vendidas a essas
vendas mostra muito melhor o diferencial produzido pela operação do que o registro,
num período, do pagamento das mercadorias, e no outro, o do recebimento das
transações realizadas. Como ambos os fluxos financeiros não acontecem
simultaneamente.

Isto é, não há coincidência entre o recebimento e o pagamento, o regime de caixa puro e simples produziria distorções enormes na mensuração do quanto se está ganhando ou perdendo nas operações. Daí a inteligência humana haver criado o Regime de Competência em que se tem a junção e a confrontação entre os fluxos de entrada e saída e o seu respectivo saldo, evidenciando-se o que não é tão bem visível no puro Fluxo de Caixa.

Claro que seria muito mais simples o registro tão somente do Fluxo Financeiro
puro, mas que ilusões estariam sendo criadas quando do descasamento (que está
sempre ocorrendo) entre o recebimento e o pagamento.

O mesmo diz respeito às demais despesas e receitas operacionais. Imagine-se
uma empresa com um empréstimo que previsse uma carência nos juros por um certo
período. Que perigo não se considerar esse encargo pela sua inocorrência, deixandose
para computá-lo tão somente no seu pagamento.

Leia mais em: http://www.eac.fea.usp.br/cadernos/completos/cad20/cont_x_fluxo.pdf

Renner X Riachuelo X C&A

RIACHUELO MUDA E SE APROXIMA DA RENNER

Matéria do jornalista Fernando Scheller, publicada pelo jornal O Estado de São Paulo, edição do último dia 17 de maio de 2010.

Rede de varejo começa a colher os frutos de uma revolução iniciada quatro anos atrás

Ao escutar uma conversa entre adolescentes que matavam tempo entre as araras de uma das unidades da sua rede, o presidente da Riachuelo, Flávio Rocha, fez um duro diagnóstico sobre o negócio: era hora de revolucionar a marca.

Para aprender a falar a língua dos jovens, que achavam que a loja tinha a cara das suas mães, a empresa passou por uma transformação nos últimos quatro anos: mudou o mix das lojas, o modelo de produção e a estratégia de comunicação para, nas palavras do executivo, perder a “timidez” crônica de que sofria.

Tudo isso sem se afastar do seu público: as classes C e D.

A empresa, do Grupo Guararapes, pagou um preço alto pela mudança de identidade. Nos primeiros anos, cresceu abaixo do ritmo de uma das suas principais concorrentes, a Renner. Mas, agora, sua estratégia começa a dar sinais de acerto. Em 2009, a Riachuelo se aproximou da Renner em faturamento, número de lojas e cresceu em ritmo mais acelerado. A C&A, embora não divulgue oficialmente seus números, ainda é líder no setor.

Segundo Rocha, a ala de moda jovem das lojas cresce 50% acima da média do resto da empresa. O balanço de 2009 mostrou que a empresa faturou R$ 1,9 bilhão, contra R$ 2,1 bilhões da Renner. Enquanto a concorrente teve alta de 8,2% no faturamento sobre 2008, a Riachuelo viu suas vendas engordarem em 8,9%. No primeiro trimestre deste ano, a Renner faturou R$ 440,2 milhões, enquanto a receita do braço de varejo da Guararapes somou R$ 382,6 milhões.

As duas empresas disputam o segundo lugar no mercado brasileiro de confecções – a Renner tinha 5,4% do mercado de roupas e calçados no Brasil no ano passado, segundo a consultoria Euromonitor, enquanto a Riachuelo aparecia com 5,2%. “No verão, vamos melhor. No inverno, perdemos espaço”, resume Flávio Rocha.

Riscos. A guinada em uma estratégia que tinha resultados sólidos, porém pouco espetaculares, não veio sem reveses: enquanto lutava para construir uma nova identidade, a Riachuelo se viu obrigada a abrir mão de parte de seu público mais fiel, que passou a encontrar uma loja cada vez mais diferente do padrão a que havia sido acostumado durante muitos anos.

Segundo o consultor em varejo Eugênio Foganholo, a Riachuelo costumava “navegar quase sozinha” em um nicho de mercado confortável: o oferecimento de soluções para a mulher, o marido, os filhos e a casa. “Isso era muito forte. Houve uma mudança de proposta e de conceito, para um produto com mais informação de moda, para atrair o público final, e não só as mães, para a loja. A empresa mudou e perdeu um cliente fiel, que em parte migrou para a Marisa. É um processo em andamento”, avalia.

Cartão de crédito. As estratégias de Renner e Riachuelo constantemente se esbarram: no mês de junho, ambas lançam as versões de seus cartões de loja com as bandeiras Visa e Mastercard. As duas redes dizem esperar emitir 1 milhão de plásticos nos primeiros 12 meses da nova operação. Segundo José Antônio Rodrigues, diretor de crédito da Midway, financeira da Riachuelo, o novo cartão vai acompanhar uma mudança de direcionamento das classes C e D. “Antes, as pessoas queriam ter tantos cartões quanto podiam, para provar que conseguiam crédito. Agora, descobriram a comodidade de concentrar tudo em um ou dois cartões.”

Embora as duas disputem o mesmo mercado, há diferenças entre elas. A Riachuelo briga pelo consumidor “emergente” das classes C e D. Já a Renner mira o estrato mais abastado desse público, com renda familiar mensal por volta de R$ 4 mil. “Atendemos as classes A+, B e C-”, explica o presidente da Renner, José Galló. O perfil de cada uma se reflete em uma tímida diferença no tíquete médio das empresas: enquanto o cliente da Renner gasta, em média, R$ 120 toda a vez que visita a loja, o da Riachuelo leva R$ 109 em produtos.

Verticalização. Para mudar a imagem da Riachuelo, a empresa optou por olhar para os primeiros elos da cadeia produtiva: a concepção e a produção das roupas. Com duas fábricas no Ceará e no Rio Grande do Norte, o Grupo Guararapes decidiu se espelhar no modelo da espanhola Zara e da sueca H&M: verticalizou a produção de roupas de suas fábricas para que a Riachuelo concentrasse 100% dos pedidos. No início da década, a rede respondia por apenas 20% das vendas. O restante, como ocorre na Renner e na C&A, era fabricado por uma série de fornecedores terceirizados.

Entretanto, a opção de produzir tudo em casa exigiu que a empresa enfrentasse um fantasma do passado. Em 1979, logo após a compra da Lojas Riachuelo, o Grupo Guararapes testou o modelo de produção em cadeia semelhante ao adotado nos últimos anos. O resultado foi desastroso: “Não havia tecnologia para isso, não tinha nem código de barras para organizar os produtos”, lembra Flávio Rocha. Apesar da experiência negativa, a retomada do projeto teve apoio de Nevaldo Rocha, fundador do grupo e pai de Flávio. “Ele foi mentor e entusiasta da idéia.”

A opção pela fabricação 100% própria, conta o presidente da Riachuelo, foi chave para garantir a agilidade exigida pelo segmento “fast fashion”, em que as peças das lojas precisam ser trocadas em questão de semanas. “Houve um momento de perda de competitividade, quando ficou mais caro produzir na Guararapes do que em terceiros. Mas já estamos colhendo os frutos da mudança radical. Hoje, consigo competir no preço, desde que o dólar esteja acima de R$ 1,70″, diz Flávio Rocha.

Atualmente, 80% das 16,5 milhões de pessoas que detêm o cartão Riachuelo ganham menos de R$ 1.000 por mês. Ainda que a renda não permita consumir a moda tradicional, Rocha afirma que esse público está mais exigente, já que sua importância relativa para a economia aumentou: “Antes a necessidade básica era cobrir o corpo. Agora, com o acesso à informação, especialmente pela internet e pela televisão, essas pessoas têm o desejo de se expressar através da roupa. É aí que nós entramos.”

Pool. O escritório de Rocha na sede da Riachuelo em São Paulo reflete o gosto do empresário por tecnologia. O computador pessoal do executivo tem uma tela gigante de LCD. Um iPad desligado repousa sobre a mesa. A principal peça de decoração é um quadro que relaciona o rosto do piloto Ayrton Senna à marca de moda jovem da empresa, a Pool – nos anos 80, ela foi uma das patrocinadoras do piloto.

Rocha também mantém à vista várias cópias do livro Isn”t It Obvious: A Business Novel on Retailing (Não é Óbvio? Um Romance sobre o Varejo), que conta a história de um negócio familiar que cresce depois de uma mudança radical. Feita a reinvenção na Riachuelo, o empresário agora se dedica a um novo projeto: criar uma grande marca de moda nacional. “Não há uma empresa de roupas entre as 100 maiores marcas brasileiras. Nos Estados Unidos, são 18. Na França, 30. Há uma enorme oportunidade.”

É justamente este vácuo que a Pool pretende ocupar. Associada a jeans e camisas polo nos anos 80, a marca saiu do limbo nos últimos anos. Ganhou coleção feminina, estratégia de marketing própria e mais espaço dentro da Riachuelo. Agora, prepara-se para alçar voo solo no varejo: o grupo prevê a abertura das primeiras lojas Pool até o fim de 2011. A iniciativa testará a força da Guararapes em um mercado de produtos de maior valor agregado para o público jovem, batendo de frente com a Hering. “Temos de retomar o prestígio que a Pool já teve.”

Apesar de o mercado de lojas de departamento já procurar espaços mais compactos, Rocha diz que a Riachuelo ainda prioriza os shopping centers, especialmente nos grandes centros do Sul e do Sudeste – assim, a rede reforça o caixa com as vendas de inverno, reduzindo uma de suas deficiências, já que hoje 60% de seus negócios estão nas regiões mais quentes do Brasil.

Para abrigar os 58 microdepartamentos de moda feminina, masculina, infantil e artigos para casa, o formato ideal é de lojas de 4 mil metros quadrados de área. A empresa busca opções compactas, de cerca de um terço do tamanho tradicional, somente em cidades com menos de 500 mil habitantes, caso de uma unidade-piloto em Mossoró (RN).

Na ponta do lápis

A Riachuelo, em números:

50 mil é a quantidade de funcionários do Grupo Guararapes, incluindo os temporários de fim de ano;

57% das vendas da Riachuelo são pagas com o cartão da loja;

110 milhões de peças de roupas são destinadas às araras da Riachuelo todos os anos.

Disponível em: http://www.cascianovidal.com.br/?p=3549